Thursday, January 31, 2008

Descascar um abacaxi e as Grandes questões da Humanidade

Demorei 31 anos para descobrir que a expessão "descascar um abacaxi" é literal. Ontem, após o almoço e sob um sol desértico, resolvi comer umas fatias do abacaxi que comprara pela manhã.

Até aquele momento, eu só havia comido abacaxis prontos, fossem eles previamente descascados e fatiados por terceiros, ou comprados naquelas embalagens à vácuo. Mas pegá-lo em estado bruto e tirar a casca para depois fazer as famosas rodelas, foi a primeira vez (praticamente um primeiro soutien).
A grande revelação aconteceu quando eu estava perdendo preciosos minutos afiando a faca, pensando no corte, exercitando os bíceps na tentativa de atravessar a casca, vendo a sujeira que fazia, enfim, quando transpirando sobre a pobre planta monocotiledônea da família das bromeliáceas, percebi que o ato de descascá-la é, de fato, um enorme problema de proporções literárias.

Para os próximos dias, continuando o meu empenho em desvendar as grandes questões da Humanidade, vou adquirir uma jaca e inserir o pé na mesma (falando tipo elevador), para descobrir o porquê da expressão "enfiar o pé na jaca".

Importante: é evidente que a foto acima foi afanada na Internet e não retrata o péssimo serviço que fiz!

Australia Day – A origem do porre cívico

Sábado passado (26 de janeiro aqui, 25 de janeiro no Brasil), enquanto o meu coração vermelho, branco e preto comemorava os 554 anos da fundação de São Paulo, o meu lado súdito da rainha celebrava o Australia Day, o feriado mais importante destas bandas. Mas o que é o Australia Day?



Podemos dividir o brasileiro que vive na Austrália em 4 grupos: os que acham que o Australia Day é o Dia da Independência australiana (o nosso 7 de setembro); os que acham que o Australia Day é o Dia da Proclamação da República (nosso 15 de novembro); os que acham que o Australia Day é o Dia do Descobrimento (nosso 21 de abril); e os que não acham absolutamente nada. Os que não acham absolutamente nada são os que mais se aproximam da resposta correta, uma vez que no dia 26 de janeiro a Austrália não foi descoberta, não proclamou a república e muito menos declarou a independência.

No referido dia, o australiano se veste de verde e amarelo, pinta a bandeira no corpo inteiro e sai às ruas para tomar a maior quantidade possível de cerveja com o intuito de celebrar o desembarque do glorioso Capitão Arthur Phillip em Port Jackson (New South Wales), ocorrido em 26 de janeiro de 1788. Com ele, vieram da Inglaterra a primeira leva de prisioneiros, oficiais e demais tripulantes para iniciar a colonização na Austrália, à época a mais nova colônia penal britânica de férias. No total chegaram 1373 pessoas, entre homens, mulheres, crianças e namorados de flatmates (detesto namorados de flatmates).



Sim! Os primeiros não-aborígenes que nasceram em solo australiano – também conhecidos como australianos – provavelmente eram filhos de ex-prisioneiros britânicos. Já contei essa história no meu outro site, mas como o blog é meu e ninguém tem nada a ver com isso, recontarei sob a mesma forma de conto de fadas:

Há dois séculos, num velho continente distante, havia uma ilha muito muito grande. Dentre outros tesouros, lá se produziam verdadeiros patrimônios da Humanidade como o whiskie escocês e a indescritível cerveja Guiness. Mesmo vivendo com tamanha fartura e (tecnicamente) felizes para sempre, alguns moradores tentaram facilitar ainda mais as coisas se apropriando indevidamente do que não lhes pertencia. Sem escolha, George III, o rei, colocou-os nos calabouços reais.

George III por Allan Ramsay, 1762

Enquanto isso, na bela e ensolarada manhã do dia 8 de agosto de 1768, o capitão inglês James Cook deixou o porto de Plymouth em seu navio Endeavour e seguiu viagem. Ele desceu pela Ilha da Madeira, passou pela costa oeste africana e atravessou o Atlântico rumo à América do Sul, onde fez uma estratégica parada no Rio de Janeiro em 13 de novembro de 1768. Após um eletrizante Fla-Flu e uma noitada no Morro da Mangueira, Cap. Cook foi para o Pacífico Sul, permaneceu três meses no Taiti observando o planeta Vênus, seguiu para a Nova Zelândia, onde interagiu com a fascinante população maori, até que finalmente aportou na Austrália na bela e ensolarada manhã do dia 19 de abril de 1770.

Capitain Cook por Nathaniel Dance, 1775

Entre um pente e um espelho que distribuiu para os aborígenes, C.C. (Captain Cook) enviou – via Sedex – uma carta para Georginho III contando-lhe sobre as últimas na recém-descoberta terra (na verdade, a China já havia decoberto a Austrália – e quase todo o novo mundo – havia 350 anos, mas isso é assunto para outro texto).

Entusiasmado com o que lera, o visionário monarca, que enfrentava grave problema com a superlotação carcerária, “propôs” aos prisioneiros uma certa “anistia”, caso eles aceitassem viajar alguns poucos quilômetros a sudoeste. Alegres com a bondade real, os detentos embarcaram aos montes e vieram, sob o comando do Capitão Arthur Phillip para a Austrália reiniciar a vida na nova colônia penal (é importante lembrar que os Estados Unidos já eram colônia penal da Coroa Britânica).


Arthur Phillip por Francis Wheatley, 1786

E assim, após 8 meses de viagem com direito a nova parada estratégica no Rio de Janeiro, Arthur Phillip e toda a turma aportaram inicialmente em Botany Bay, em 18 de janeiro, desembarcando definitivamente em Port Jackson, em 26 de janeiro. Trinta anos depois, em 1818, o Governador Lachlan Macquarie realizou a primeira celebração oficial do desembarque que, com o passar do tempo, recebeu diferentes graças como Foundation Day, Anniversary Day, Survival Day e Invasion Day (cortesia dos aborígenes), sendo hoje chamado nacionalmente de Australia Day, o pretexto número 1 para um grande porre cívico.



Algo a ver com o Invasion Day?

Dica de vinho - Peggy's Hill Eden Valley Riesling 2007

Nome comercial: Peggy's Hill Eden Valley Riesling 2007
Produtor: Henschke
Tipo: Branco
Uva: Riesling
Ano: 2007
Região: Edden Valley (South Australia)
Álcool: 12,5%
Preço: AU$ 14,00 (http://www.danmurphys.com.au/ e http://expand.americanas.com.br/)



O Carnaval vai começar no Brasil (na verdade, começou há 508 anos), e para curtir a folia de momo (detesto esses clichês carnavalescos), nada como beber em escala industrial. Por aqui, justificando a resolução número 2 de ano novo (“Trabalhar mais” – vide texto “Happy Ney Year”), labutarei normalmente no final de semana e, na segunda de Carnaval, volto a estudar após 2 meses e meio de férias. Será, tranquilamente, a primeira quarta-feira de cinzas sóbrio e sem ressaca, desde 1991 (que a minha terapeuta não leia isso).

No Brasil, sei que não é todo mundo que vai “pular” Carnaval durante os 4, 5 10, 30 dias (dependendo da região) de folia, tomando e beijando tudo o que encontar pela frente. Para estes (e já aproveitando para colocar em prática a resolução número 4 de ano novo – “Beber menos (porém, melhor)”, segue uma ótima dica de vinho.



Trata-se do Peggy's Hill Eden Valley Riesling 2007, um dos vinhos mais em conta do simpático casal Prue e Stephen Henschke, os produtores do Hill of Grace, um dos melhores vinhos da Austrália (dizem que o Shyrah 2002 chega à perfeição – ainda checarei!). Por apenas AU$ 14 (preço de 3 cervejas num pub), é possível tomar um vinhaço branco, daqueles que ficam um tempão conversando com a gente.

Produzido no Eden Valley (sul da Austrália), em vinhedos com mais de 50 anos, o Peggy's Hill traz um aroma amplo, intenso e persistente, rico em frutas como maracujá e lima (muito comum aqui), além de florais. Time grande! Na boca é uma explosão de sabores – praticamente um furacãozinho de maracujá (usei essa expressão pois quando o tomei estávamos aguardando uma tempestade em Sydney). O vinho tem corpo médio, é macio e sedoso, muito equilibrado, possui acidez fina e ótima evolução no copo. Tá no ponto para ser tomado, mas segura bem por alguns anos. A 14 dólares australianos, é uma ótima compra.

Sei que em São Paulo está um frio lascado, o verão mais polar dos últimos 20 anos – culpa do Al Gore – mas Carnaval e fevereiro são sinônimos de calor. Portanto, no Brasil ou na Austrália, comprem este vinho, dêem uma boa gelada nele e aproveite-o acompanhado de um salmãozinho defumado, algum aperitivo com frutos do mar (quem sabe a porção de Lula à Manacá lá de Camburizinho-SP), ou mesmo solo, apenas sendo bebericado com o pé na areia.

Vamos bebendo e bom Carnaval (ou Mardi Gras) a todos!



Importante: caso não encontrem este vinho no Brasil, tentem qualquer outro deste produtor que não tem erro. Sei que a Expand trabalha com o Henschke, mas vale a pena uma pesquisada em outras importadoras. Por aqui, basta ir à qualquer loja da rede Dan Murphy´s (uma espécie de Hopi Hari pra mim).

Tuesday, January 29, 2008

O problema dos shows – Planeje-se!

Show por aqui é um problema. Não o show em si, uma vez que tem aos montes e de ótima qualidade. Mas a necessidade de comprar os ingressos com muita antecedência. Toda semana são anunciadas diversas bandas, cantores e cantoras, mas em geral, para daqui há 3, 4, 6, 10 meses. Eu sou brasileiro, minha capacidade de planejamento e de imaginar o que estarei fazenda em 6 de maio, por exemplo, é mínima. Não sei se trabalharei, se estarei em Sydney, na Austrália, oxalá se estarei vivo. Portanto, não é fácil pagar $ 60, $ 90, U$ 140, $ 250 em algo que por diversas razões talvez eu não possa ir.

E o pior é que o australiano, acostumado com a economia estável e a vida bem planejada, não só compra com meses de antecedência, como de vez em quando esgota dezenas de milhars de ingressos em poucos minutos, como aconteceu com os shows do Rage Against The Machine e do Foo Fighters, em Sydney. No caso da primeira banda, que voltou a tocar depois de longo inverno, o cara que não acordou cedo e, às 9 em ponto, não entrou no site da Ticketmaster, dançou. É sério!



Tenho um grande amigo em São Paulo, Dorlan Jr., o popular Juninho, que se daria bem por estas bandas. Ele é uma máquina de comprar ingressos e ir a shows. Desde o final da década de 80, quando o Metallica foi pela primeira vez para o Brasil, até hoje, o cara não só vai em quase todos, como se tornou referência para os amigos e conhecidos. É comum o diálogo:

- Você vai no show tal?
- Eu não, mas o Ju vai. (Muitas vezes sem saber se ele realmente vai).

Mais! Na maior boa vontade, ele passa todas as informações sobre preço, horário, local e cerveja que estará à venda, tira dúvidas e ainda se oferece para comprar os tickets. Gênio! Juninho foi tanto a show nas últimas duas décadas que, cansados de fazê-lo se deslocar para o antigo Palace, Via Funchal, Tom Brasil do Itaim, Estádio do Morumbi, Parque Antarctica, Anhembi etc, resolveram construir duas ótimas casas do lado da casa dele. A primeira foi o Credicard Hall, a menos de 1 km, e a segunda foi o Tom Brasil Nações Unidas, na própria rua do homem. Mais do que merecido! Bem, pra vocês que vivem na Austrália ou estão vindo pra cá, dêem uma olhada em alguns dos próximos shows e planejem-se!

Iron Maiden
A banda que sempre gostei mas não faço a menor idéia de como está atualmente, vem para uma série de 6 shows após 15 anos sem tocar por estas bandas. Curiosidade: o Iron já não tem mais aquela coisa de banda, um por todos, todos por um. Há anos a marca Iron Maiden pertence ao baixista Steve Harris e ele é o dono da “firrrma”. Harris não só decide tudo, como também paga o salário de todos (e que salário!).

Feb 4 Perth - Burswood Dome
Feb 6 Melbourne - Rod Laver Arena (esgotado)
Feb 7 Melbourne - Rod Laver Arena
Feb 9 Sydney - Acer Arena (esgotado)
Feb 10 Sydney - Acer Arena
Feb 12 Brisbane - Entertainment Centre

Como sou legal, seguem as datas do Brasil:

March 2 São Paulo - Palmeiras Stadium
March 4 Curitiba - Pedreira
March 5 Porto Alegre - Gigantinho



Santana
Carlos Santana, o grande guitarrista mexicano que a cada ano fica mais parecido com o Seu Madruga, fará 6 apresentações na Austrália sendo que uma delas, em particular, tenho certeza de que será especial: a de 1º de março, no Hunter Valley. Já imaginaram ver e ouvir Santana, mestre da guitarra tocando em um dos paraísos do vinho australiano? Cassio Britto, pegue um avião!

Feb 21 Perth - Burswood Dome
Feb 24 Adelaide - CBC Oval, Clipsal 500
Feb 26 Melbourne - Rod Laver Arena
Feb 28 Sydney - Acer Arena
Mar 1 Newcastle - Tempus Two Winery
Mar 2 Brisbane - Entertainment Centre



Jack Johnson

Os amigos que foram ao show dele no Brasil, acho que em 2007 ou 2006, não me lembro bem, não gostaram muito. Acharam o cara devagar demais, sem muita pegada pra levar o público. Uma amiga chegou a dormir. Mas não é justo julgar a performance dele por apenas um show. Vai ver que o homem se entopiu de feijoada no almoço, passou a tarde comendo vatapá e acarajé e, claro, a última coisa que faria à noite seria agitar 30 mil pessoas. Vamos dar uma chance!

Mar 13 Wollongong - WIN Entertainment Centre
Mar 15 Sydney - Centennial Park
Mar 16 Brisbane - Riverstage (esgotado)
Mar 25 Melbourne - Sidney Myer Music Bowl (esgotado)
Mar 26 Melbourne - Sidney Myer Music Bowl
Mar 27 Adelaide - Memorial Drive
Mar 29 Perth - Members Equity Stadium



Kiss

You wanted the best, You got the best! O Kiss é, talvez e disparado, a banda mais canalha de todos os tempos – o que é um grande elogio. Já fui em show com eles usando máscara, outro sem máscara, e posso dizer que é sempre a mesma ótima palhaçada. Os caras são tão canalhas que até rótulo de vinho já viraram. É verdade que o Bell do Chiclete com Banana também tem a sua linha de vinhos (são bons mas não justificam o alto preço), mas Kiss é Kiss. Acho difícil eu encontrar os vinhos por aqui, mas caso eu descole umas botejinhas, prometo resenha completa sobre a degustação pra vocês. Curiosidade: o show de 16 de março, em Melbourne, vai ser o fechamento do GP de Fórmula 1 da Austrália. É ou não é canalhice total?

Mar 16 Melbourne - F1 Grand Prix
Mar 18 Brisbane - Entertainment Center
Mar 20 Sydney - Acer Arena



Bunny Wailer & the Solomonic Reggaestra
Bunny Wailer é um dos remanescentes da formação original dos The Wailers, banda que contava também com ninguém menos do que Bob Marley e Peter Tosh. Não preciso falar mais nada! Ele, presença obrigatória no meu Ipod, volta à Austrália aos 60 anos para realizar 3 shows acompanhado da ótima Solominic Reggaestra.

Mar 18 Melbourne - Palace Theatre
Mar 19 Sydney - Luna Park
Mar 20 Brothers Leagues Club - Cairns



Vocês encontram ingressos para estes shows e tantos outros (incluindo The Black Crows e Foo Fighters) nos sites:
http://mytickets.com.au/
http://premier.ticketek.com.au/
http://www.ticketmaster.com.au/

Mas não é só! Neste verão vão rolar e estão rolando diversos festivais como Big Day Out, Good Vibrations e V Festival. Para maiores informações, visite o site da Ozzy Study Brazil, agência de intercâmbio de estudantes (Brasil-Austrália) para qual também escrevo: www.ozzystudy.com.au/

Thursday, January 24, 2008

Sabedoria momesca

Desde que cheguei na Austrália, em agosto do ano passado, tenho aprendido, vivido e descoberto muita coisa. Mas nada, nada que aprendi, vivi e descobri me chamou tanta a atenção e causou tamanha surpresa quanto uma palavra nova que li esta semana em uma matéria sobre o carnaval baiano. NADA!!!

Nestes 5 meses e meio, descobri, por exemplo, que na Coréia do Sul os homens saem do trabalho e não vão pra casa. De segunda a sexta eles seguem para os karaokês da vida onde cantam e tomam cerveja e soju (a cachaça local) até altas da madrugada. Para compensar, nos finais de semana passam o dia com as famílias nos parques, praças e praias fazendo picnic.



Descobri também que na Suíça falam, pelo menos, 4 línguas diferentes: alemão, francês, italiano e romanche, de acordo com a região. Sendo assim, ao ser apresentado a um suíço e, principalmente, a uma suíça, é aconselhável identificar o quanto antes se a pessoa é suíça-alemã, suíça-francesa, suíça-italiana ou suíça-romanche (Any, Carol, Ruben e Stefano, cheers! - um amigo de cada).

Descobri que a seleção colombiana viveu um dos maiores dilemas da história do futebol durante a Copa do Mundo de 1994, nos Estados Unidos. Eles tinham um timaço com jogadores como Valderrama, Higuita, Asprilla, Rincón e Valência, e chegaram com status de que poderiam disputar o títular. Mas não passaram da primeira fase. Motivo? Era o auge da guerra do narcotráfico entre os cartéis de Cáli e Medellín e, no melhor estilo “se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”, um dos cartéis falou que se fossem bem, morreriam; enquanto o outro falou que se fossem mal, morreriam (claro, simplifiquei ao máximo a questão).



Resultado: sem saber se chutavam no gol ou se tocavam pro lado, eles fizeram uma campanha medíocre, não passaram da primeira fase e quem pagou o pato foi o zagueiro Andrés Escobar, que durante a Copa fez um gol contra na derrota que eliminou a Colômbia e, 10 dias depois, foi assassinado na frente de uma discoteca em Medellín.

Com o intuito de me engraçar com uma polonesa, aprendi a contar até 10 em polonês: 1. Jeden 2. Dwa 3. Trzy 4. Cztery 5. Piec´ 6. Szes´ 7. Siedem 8. Osiem 9. Dziewiec´ 10. Dziesiec´

Aprendi que ao brindar com certos povos do leste europeu, além de falar “na zdorovye” (russo) ou “na zdravi” (checo), por exemplo, é preciso encarar a pessoa nos olhos com uma certa fúria no olhar.

Descobri que o japonês não pode ver algo diferente que logo grita “take a picture”, saca um canhãozinho fotográfico de última geração e bate dezenas de chapas. E sempre que está do lado oposto, ou seja, posando pra foto, mostra os dedos indicador e médio para a câmera. No caso das japonesas mais tímidas, enquanto mostram os dedos indicador e médio para a câmera, com a outra tapam o sorriso (não é o caso abaixo - por sinal, este é Shinji, grande amigo e irmão, com a respectiva primeira-dama).



Descobri que um dos principais problemas de viver na Austrália atende pelo nome de flatmate. Não tem jeito, dividir apartamento, casa, quarto, beliche, cama, edredon ou seja lá o que for, com ex-estranhos, sempre vai dar problema. Mas há uma espécie ainda pior do que flatmate: namorado ou namorada de flatmate. Meu Deus!!!!! TIreM esse cara daqui (mensagem subliminar, se alguém descobrir o nome da fera, ganha um vinho)!!!

Descobri que o brasileiro é o povo mais limpo (em termos higiênicos) do planeta.

Enfim, o aprendizado tem sido grande, a vivência muita rica, mas quando abri a Internet e li a referida manchete, não entendi:

"Rei Momo magro é destronado do Carnaval de Salvador"

Ao mesmo tempo curioso e triste com a minha ignorância, cliquei para tentar entender do que se tratava:

"Reviravolta no reinado momesco de Salvador. A juíza substituta da 5ª Vara de Fazenda Pública, Aidê Ouais, anulou a eleição de Clarindo Silva, o rei Momo de 58kg do Carnaval baiano. "



Foi então que caiu a ficha de que “destronado” vem da palavra “trono”, o que faz total sentido uma vez que estamos falando do “reinado momesmo de Salvador". Coisa séria! Juro que nunca ouvira essa palavra, nem nas aulas de história, muito menos nas de português, quando jamais conjuguei "eu destrono, tu destronas, ele destrona, nós destronamos, vós destronais, eles destronam" (seria isso?).

Tem coisas que só a Internet faz por você!

Mas o importante é que aprendi um novo verbo e imagino que "destronar" também valha para o ato de deixar o "trono" do banheiro. E, se realmente valer, peço um favor: se alguém souber a tradução em inglês, por gentileza, me escreva, pois "destronar" diariamente in english vai ser ainda mais divertido e dará um grande improve no meu inglês.

É a Bahia, como sempre, me dando régua e compaço (mais textos sobre a Bahia no meu outro site: www.pensamentododia.com/pensamento_do_dia.asp?codigo_pensamento_atual=161&codigo_pensamento=145
e
www.pensamentododia.com/pensamento_do_dia.asp?codigo_pensamento_atual=161&codigo_pensamento=110)!

Que sova, Nadal!




Ontem à noite, pela semifinal do Australia Open, nosso Luis Fabiano-Muhamad Ali versão la marseillaise, também conhecido como Jo-Wilfried Tsonga, sapecou 3 sets a 0 (6-2, 6-3, 6-2) no tenista nº 2 do mundo, Rafael Nadal, sem dar a menor chance para o apache espanhol.

Domingão, valendo o título e alguns bons milhões de dólares, Tsonga (38º do mundo) terá pela frente ninguém menos do que o suíço Roger Federer (1º), ou o sérvio Novak Djokovic (3º), o cara que atropelou o mala do australiano Lleyton Hewitt e seus gritinhos mascarados de “Come on!”. Vai ser um jogaço e quem não assistir, não vai para o Céu.

No feminino, amanhã, a partir das 14h15 (horário local), rola a finalíssima entre a deusa Maria Sharapova (5ª) e a sérvia Ana Ivanovic (4ª). Pelo que vem jogando, a russa é favorita (na Bill Hurley Bookmaking tão pagando 1.20 para cada dólar apostado na russa e 4.50 na sérvia).



Eu, particularmente, acho que vai dar Sharapova, vou torcer por ela e adoraria que a russa desse um pulinho aqui em Coogee para comemorarmos juntos. Mas vocês sabem: o tênis é uma caixinha de surpresas; azar no jogo, sorte no amor; água, pedra, mole, dura tanto fura até que bate; e se Maomé não tem boca, Roma vai à montanha (como diria o Dazaranha).

Sendo assim, que vença a melhor (jogadora)!

Tuesday, January 22, 2008

Luto - Heath Ledger


A Austrália acordou em choque esta manhã. Heath Ledger (1979-2008), ótimo ator local nascido em Perth e que morou em Bronte Beach - 3 praias de casa - antes de se mudar para os Estados Unidos para tentar fugir do assédio dos paparazzis, foi encontrado morto em seu apartamento de Manhattan, às 15h35 (horário local) desta terça-feira, pela empregada e um massagista. Ao lado do corpo foram encontradas pílulas, o que vai render muita especulação dos “especialistas” da mídia sobre overdose, suicídio...

Ledger, no auge da carreira aos 28 anos, recebeu uma indicação ao Oscar pelo papel no filme Brokeback Mountain, participou de filmes como 10 Coisas Que Eu Odeio Em Você (10 Things I Hate About You - 1999), O Patriota (The Patriot - 2000) e As Quatro Plumas (The Four Feathers - 2002), e mais recentemente interpretou Bob Dylan em I´m Not There, e o vilão Coringa no novo Batman: O Cavaleiro das Trevas.



Em entrevistas, o ator volta e meia reclamava do assédio da mídia. A relação não era das melhores e até resultou em uma esguichada d´água por parte de fotógrafos em pleno tapete vermelho, durante a premier de Brokeback Mountain. Estou acompanhando o noticiário por aqui e os jornalistas estão realmente passados com a notícia (voz embargada e tudo mais). Não só nos noticiários locais como também nos norte-americanos.

Ledger deixa uma filha de 2 anos, Matilda, que teve com a atriz Michelle Williams. Kevin Rudd, primeiro-ministro australiano, já se manifestou e disse que o pensamento de todos está com Matilda; assim como Nicole Kidman, que também acaba de se pronunciar oficialmente dizendo que o coração dela está com a família.

Para relembrar o ator, sugiro que assistam a Coração de Cavaleiro (A Knight's Tale - 2001), comédia- aventura passada na Idade Média com uma trilha sonora que traz David Bowie, Queen, AC/DC, entre outros grandes. Obviamente não é o melhor filme dele, muito menos sua grande interpretação no cinema, mas vale a pena pois é leve, bem engraçado e tem, além de Ledger, o ator inglês Paul Bettany também despontando no cinema.

Thursday, January 17, 2008

Resolução 1 de ano novo – Talvez eu esteja em apuros

Mês passado escrevi sobre o grave problema de nomenclatura que enfrento na Austrália (ver texto “Mucho gusto, my name is Publa”). Na verdade, que enfrentei a vida inteira, independentemente de cidade, Estado, porteiro ou país. Mas agora a situação complicou de vez.

Como podem ler num dos textos abaixo – do reveillon – publiquei as minhas 10 resoluções de ano novo (de fato são cento e douze, mas só coloquei dez por questão de cabala). E para começar o ano com o pé direiro, já pus a número 1 em prática, a que diz “Cortar o o cabelo”. Assim, no último sábado entrei na barbearia do mr. Luigi – mais de meio século de barba, cabelo e bigode em Coogee Beach – e após pouco mais de 10 minutos e 19 doletas, voltei a ter cabelo curto (o que não acontecia desde 2000).



Na mesma semana, mais precisamente na sexta, Austrália e Índia se enfrentavam pelo Teste de Críquete. Os jogos são amistosos mas rola uma baita rivalidade, os caras levam a sério demais e, claro, ninguém quer perder. Por conta disso, os jogadores se provocam, tiram sarro e, como não é um jogo de contato, não chegam às vias de fato, mas volta e meia estão se estranhando.



Andrew Symonds, uma das estrelas do selecionado local, andou cornetando nos ouvidos indianos. Podem ter certeza de que ele não elogiou o turbante de ninguém, pois no melhor estilo Grafite e Desábato na Libertadores da América de 2005, nosso glorioso Harbhajan Singh, jogador da Índia, foi acusado por Symonds de tê-lo chamado de “macaco”. Importante: no meio de um monte de branquelos, Symonds é o único “afro-australiano” (não quero me comprometer). Vocês podem imaginar a confusão...


Andrew Symonds e Harbhajan Singh

Apesar da aparente sociedade multicultural que a Austrália diz ser, na verdade o que rola é uma tolerância por pura necessidade, já que australiano não quer fazer trabalho que latinos, árabes, irlandeses e asiáticos fazem. Sendo assim, todos são obrigados a conviver em aparente harmonia. Mas uma hora a coisa sempre estoura, e é provável que, sob o pretexto do jogo, alguma reação contra os indianos aconteça. Especialmente se não contornarem publicamente o problema – o que está difícil – e se Ricky Ponting, capitão australiano, não fechar a boca. Por aqui, boa parte da mídia está condenando a seleção australiana, principalmente o tal do Ponting, por achar que eles provocaram demais e agora estão exagerando (“hipócritas” e “demagogos” são alguns dos adjetivos mais usados nos jornais das últimas semanas).

Ricky "the arrogant" Ponting

Mas vocês devem estar se perguntando: o que o Pablo tem a ver com isso?

Bem, não sei porque cargas d´água, eu, que sempre tive cara de mexicano, boliviano, argentino ou paraguaio, após concluir a resolução número 1 de ano novo, fiquei com cara de indiano. É verdade! Primeiro foi a Paloma, minha irmã, que semanas atrás falou que eu estava da cor dos indianos (verão sem camada de ozônio é brabo). Entusiasta do budismo, achei bacana. Dias depois, enquanto cortava 7 anos de vagabundagem capilar, o sorridente mr. Luigi perguntou se eu era indiano. Estranhei! Na sequência, Robin, meu cunhado, quando me viu pela primeira vez após o corte, exclamou: Anil Kumble (jogador indiano)! E pra fechar, na última quinta, tomando umas cervejas num pub, conheci um casal. O cara era australiano e a mulher brasileira. Quando falei que também era brasileiro, seguiu o seguinte diálogo com a moça:
- Jura?
- Juro!
- Mas você não tem cara de brasileiro.
- Eu sei, todo mundo diz que pareço mexicano, boliviano, argentino...
- Não, não, achei que você fosse asiático. Mas não japonês, coreano, esses asiáticos, achei que você fosse da Índia, Paquistão, daqueles lados.

Portanto, meus amigos e amigas, o jeito é evitar gramados de cricket e encontros com australianos mais xiitas, pois se algum amigo do Nepal ou Bangladesh me ver e me chamar de Publa, é bem provável que estaremos diante de um incidente diplomático envolvendo Brasil, Austrália, Índia e mais um quarto país a sua escolha!

Wednesday, January 16, 2008

A pergunta que não quer se calar



Há apenas 5 meses aqui, tenho uma grande dúvida. Na verdade, duas. Até hoje não sei se a água onde me banho com certa frequência pertence ao Oceano Pacífico ou ao Mar da Tasmânia. Já ouvi teorias defendendo ambos, mas nenhuma convincente (Ashraf, pergunta pro Amyr, por favore). Mas a pergunta que não quer se calar, é:

Seria a Austrália, a Inglaterra ensolarada ou o Brasil que deu certo?



Prometo resposta para daqui há alguns anos...


Tuesday, January 15, 2008

Milagre em Coogee – Ressucitaram Vanilla Ice Ice Baby

Esta é a visão lateral do Beach Palace Hotel – hotel/pub/bar/café/restaurante/casa de apostas e afins – que fica ao lado de casa (é praticamente o meu escritório). O lugar é bacana, tem uma grande varanda com vista para o mar e um incrível poder sobrenatural de ressucitar mortos.


É verdade! Na noite do último dia 31 de dezembro de 2007, também conhecida como reveillon, noite da virada ou new year eve, os caras desenterraram nada mais nada menos do que um dos piores “rappers” (se é que podemos chamá-lo de rapper) de todos os tempos, nosso glorioso Vanilla Ice.



Ele mesmo! O branquelo do topete oxigenado que vendeu mais de 20 milhões de cópias do álbum que trazia uma das maiores bombas sonoras do início dos anos 90 (e olha que não foram poucas), Ice Ice Baby. Gelo Gelo Neném, além de terrível, ainda plagiava a introdução de Under Pressure, do Queen, o que rendeu um tremendo processo.

Vanilla Ice Ice Baby foi contratado como atração principal da festa de ano novo do Palace (fico imaginando o resto). Mas o pior foram os preços. A primeira leva de ingressos foi vendida a AU$ 125, enquanto que a segunda saiu por AU$ 135 (sem bebidas alcoólicas incluídas).



Resumindo: tem louco pra tudo neste mundo, e há lugares com poderes mágicos de ressucitar mortos. Para o próximo reveillon, o Palace já confirmou as presenças de Milli Vanilli, Deborah Gibson e Serguei. Imperdível!

Wednesday, January 2, 2008

Happy New Year - 10 resoluções para 2008

O reveillon de Sydney gira em torno da Harbour Bridge, a famosa ponte que (literalmente) ao lado da Opera House, dos cangurus e da capa do álbum The Best of Men at Work, estão entre os principais ícones da Austrália. A festa na ponte é famosa no mundo inteiro não só pela queima de fogos, mas por ser um dos primeiros lugares do planeta a entrar no ano bom. Como sou novato por aqui, claro que tentei passar o mais próximo possível. Mas até a véspera, a missão de achar o lugar ideal não estava fácil.

Em primeiro lugar, o meu visto é de estudante (categoria alcoholic oversea student), e isso significa que que não tenho condições de pagar AU$ 1.000 nas festas vips ali do lado, nem mesmo AU$ 300 nos bares, restaurantes e clubes não tão vips assim. Deste modo, o mais viável era achar um lugar público nas imediações. Parques não faltam em Sydney, especialmente com boa vista para a ponte, mas para conseguir um bom lugar eu teria que chegar, no máximo, até às 9 da manhã, passar o dia inteiro espremido entre milhares de pessoas e com extrema dificuldade para as 4 principais necessidades de um dia como este: cerveja, banheiro, boa visão da queima de fogos e mais cerveja.

A solução foi descolar um lugar alternativo, que não precisasse chegar tão cedo e com ótima logística cerveja-banheiro-boa visão da queima de fogos-mais cerveja. Encontrei!

Por sugestão da família australiana de uma amiga suíça, fomos às cegas a um lugar chamado Strickland House. Tudo o que sabíamos era que no lugar havia uma casa particular, com acesso a uma praia, cuja praia tinha uma rede de proteção contra tubarões. Também fomos informados de que poderíamos levar comes e bebes à vontade, de que teríamos ótima visão da festa e não precisaríamos chegar tão cedo, pois a tal da Strickland House não é muito popular. O único “senão” era o toque de recolher: uma da manhã deveríamos zarpar de lá. Levando em conta que chegaríamos no meio da tarde e a maioria das festas públicas e muitas privadas da cidade não passariam das 3, achamos justo.

Assim, aportamos por lá às 16h12 do dia 31 de dezembro para desfrutar de uma das melhores relações cerveja-banheiro-boa visão da queima de fogos-mais cerveja de Sydney.

Vejam as fotos e as resoluções para 2008!


A chegada


A casa


A prainha


Parte da galera


Zoom na ponte






Zoom na Opera House



A atmosfera


Jesus também apareceu por lá


Fim de tarde


Pôr-do-sol


Sol se despedindo de 2007


Último anoitecer


Queima de fogos das 9h (para a criançada)



Happy New Year








Resoluções de Ano Novo:
1. Cortar o cabelo
2. Trabalhar mais
3. Escrever mais
4. Beber menos (porém melhor)
5. Conhecer a maior diversidade possível de cozinhas
6. Interagir com a Nicole Kidman
7. Parar de sonhar em interagir com a Nicole Kidman
8. Viajar mais pela Austrália
9. Passar férias no Brasil
10. Conquistar a Oceania, a Ásia e mais um terceiro continente a sua escolha







E para colocar as resoluções de ano novo em prática, nada melhor do que flambar uns maus espíritos que pairavam no ar!