Com ele vieram João Donato e Marcos Valle, o primeiro, quase um cubano ao piano, o segundo, o Rio de Janeiro de outrora. Também participaram Vinicius Cantuária, o amazonense de Lua e Estrela, e Wanda “Vagamente” Sá, a diva que aos 13 anos começou a tocar violão com o próprio Menescal. Em suma, timaço de craques que se apresentou na excelente acústica da Opera House, o "Darth Veidão".
Quando se anuncia um show, em Sydney, homenageando os 50 anos da Bossa Nova, a única certeza é a execução de Garota de Ipanema. Aliás, não só na Austrália, como em qualquer canto do planeta. No dia do concerto, à tarde, ao comentar com um amigo alemão casado com uma brasileira, ele me disse que adoraria ir, mas não pagaria $ 70 para ouvir Garota de Ipanema. Achei engraçado e tecnicamente concordei.
À noite, 76,8% do público que chegava na Opera Houese nascera no Brasil. O restante era formado por entusiastas da nossa cultura nascidos em diferentes países, além de um grupo muito peculiar que não só me chamou a atenção como me preocupou: os namorados (e maridos) australianos das brasileiras. E eles não eram poucos.
As brasileiras não perceberam que seria um show de Bossa Nova e não de MPB. Parece detalhe, mas não é. Bossa Nova é sofisticada, é a prima carioca do Jazz, com letras simples, melodias complexas e a batida única. Ela também é Música Popular Brasileira, mas não como a mulherada esperava e queria ouvir.
Além de Garota de Ipanema, pedida insistentemente, e outras músicas do Tom Jobim, o público achou que ouviria Caetano, Chico, Gil, Tim Maia e outros grandes da MPB. Mas não foi bem assim. O show pendeu muito mais para o Jazz do que para o Samba. Ele começou banquinho e violão com o Vinicius Cantuário, teve um ótimo dueto entre ele e o Roberto Menescal e seguiu com uma excelente banda acompanhando todos os músicos que passavam pelo palco.
No repertório, cada um tocava alguns de seus principais sucessos, além de outros clássicos da Bossa Nova. Tudo com uma pegada mais jazzística, mas sem improvisos, exageros na execução das notas e quebradeira constante do ritmo. Apenas Bossa Nova, o que é bom demais.
Mas parte do público, claro, não gostou. Se a mulherada, que nasceu no Brasil e cresceu com essas músicas, achou um tédio, imaginem os namorados (e maridos) australianos que não conhecem nada da nossa música, exceto Garota de Ipanema e... Garota de Ipanema. Certamente não faltaram caras feias e reclamações na volta pra casa. A Bossa Nova, romântica por natureza, desta vez teve efeito contrário.
E pra vocês terem uma idéia do pesadelo que deve ter sido, atrás da gente, uma simpática senhora que chegou empolgada e ansiosa para o show, no final soltou: “Isso não é Bossa Nova, se era pra fazer isso, que ficassem no Brasil”.
Pergunto: será mesmo que são eles que deveriam ter ficado no Brasil?
Após um concerto memorável, pra variar, terminamos em uma festinha com os músicos no bar da Opera House que quebrou absolutamente tudo. Vista fantástica, ótima atmosfera, comes e bebes e nada de... Garota de Ipanema. É verdade! Em nenhum momento da noite ouvimos a canção e, durante o bizz, ainda tivemos a pachorra de torcer para não tocá-la. Nada contra, óbvio, mas foi só pra ver as pessoas ainda mais irritadas. Ganhamos!
E pra vocês terem uma idéia do pesadelo que deve ter sido, atrás da gente, uma simpática senhora que chegou empolgada e ansiosa para o show, no final soltou: “Isso não é Bossa Nova, se era pra fazer isso, que ficassem no Brasil”.
Pergunto: será mesmo que são eles que deveriam ter ficado no Brasil?
Após um concerto memorável, pra variar, terminamos em uma festinha com os músicos no bar da Opera House que quebrou absolutamente tudo. Vista fantástica, ótima atmosfera, comes e bebes e nada de... Garota de Ipanema. É verdade! Em nenhum momento da noite ouvimos a canção e, durante o bizz, ainda tivemos a pachorra de torcer para não tocá-la. Nada contra, óbvio, mas foi só pra ver as pessoas ainda mais irritadas. Ganhamos!
Fotos tiradas pelo meu chapa Raphael Brasil e mulher Charlotte.