Elvira, a filandesa que mora em casa, é chocólatra assumida. Ela simplesmente ama chocolate!
Esses dias, um sujeito bateu à porta. Ele carregava um presente embrulhado em papel vermelho, mas não era o Papai Noel.
Na parte da frente, o nome da minha flatmate. Como estamos em 2010, ou seja, pós-2001, conferi o remetente para ter certeza de que não se tratava de anthrax. Quem assinava era a senhora mãe dela, o que fez o meu coração ser inundado pelo o espírito natalino... NOT! Deixei no quarto dela e fui para o meu trabalhar.
Uma hora depois, Elvira chegou em casa, toda serelepe, e avisei que chegara um presente. Ela ficou ainda mais serelepe. Ao abrir, escutei: Oh my Gosh! Oh my Gosh! Contei na cabeça: 5, 4, 3, 2, 1... e nesse exato momento ela apareceu na porta do meu quarto. Conheço minha flatmate.
Pablo, Pablo, você não vai acreditar, a minha mãe me mandou o melhor presente do mundo, adivinha o que é?
Importante: essa é uma tradução livre, uma vez que ela falou em finlandês e não em português.
Pensei em tudo, menos chocolate. Chutei umas 14 coisas, até que ela falou é uma caixa do melhor chocolate da Finlândia, você vai ter que experimentar. Claro que irei, respondi, quando você abrir eu experimento. Não, não, você não está entendendo, é o melhor da Finlândia, vou abrir agora e você vai experimentar agora. Mas são 11 horas da amanhã, acabei de tomar café e ainda nem almocei. Não interessa, pega alguns e guarda para mais tarde.
Conforme ela abria, o meu lado Grinch veio à tona e perguntei se tinha realmente vindo da Finlândia. Por que? Elvira, olha pra janela, veja o calor que está. A chance do chocolate ter derretido em algum momento é grande. Mais, a chance dos cães farejadores de cocaína da Imigração terem comido metade da caixa do melhor chocolate da Finlândia é igualmente grande. Ela nem se abalou com as minhas investidas de Grinch e continuou abrindo com uma velocidade e sorriso assustadores. Mas o pior, de fato, acontecera.
Com cara de quem viu fantasma ou mesmo o Grinch em pessoa, ela arregalou os olhos, fechou o sorriso, olhou pra mim e não disse nada, apenas mostrou o presente (no caso, o que restou do presente).
A caixa deveria ter umas 30 unidades do melhor chocolate da Finlândia. Mas após deixar o país, atravessar o Mar Báltico, o leste da Europa, o Oriente Médio, o Oceano Índico e adentrar no terceiro continente à sua escolha, tudo o que restou foram 4 unidades intactas e uma imensa massa de chocolate derretido.
Apesar de Grinch, fui tomado pelo espírito natalino, vooei até a cozinha, peguei duas colheres e, no melhor estilo brigadeiro caseiro, sentamos no chão às 11 e pouco da manhã de Natal e comemos com furiosas colheradas o melhor chocolate (derretido) da Finlândia.
No comments:
Post a Comment